QUAL O MOTIVO DA SUA AÇÃO?
Para que você se levanta todos os dias e vai trabalhar? Já pensou nisso? Atente que a pergunta não é “Por quê?”, já que esta indagação teria uma justificativa como resposta, algo do tipo “Porque eu preciso pagar minhas contas” ou coisa parecida. A pergunta “Para quê?” elicia MOTIVAÇÃO, ou seja, o motivo da ação.
Percebe que são perguntas (e respostas) bem diferentes? Então, para que você faz o que faz? Se ainda não sabe, eu te digo. Você, eu, todos nós, fazemos o que fazemos por apenas dois motivos: evitar Dor e/ou buscar Prazer. Senão, vejamos; para que você escova os dentes? Para evitar cáries, mau hálito, dentes amarelos (fugindo da Dor) ou para sentir os dentes limpos, a boca refrescante, liberdade para sorrir sem o risco de uma sujeirinha aparente (busca do Prazer).
Pense no banho, é a mesma coisa. Tomamos para evitar a Dor da sujeira, do mau cheiro, e/ou pelo Prazer do relaxamento, da higiene corporal. Qualquer outro comportamento seguirá o mesmo padrão. Volte então à pergunta inicial e pense no motivo de você ir trabalhar todos os dias. Se é para pagar as contas, para (sobre)viver, você está sendo motivado pela Dor. Se é para crescer profissionalmente, para contribuir, para se desenvolver, a motivação é pelo Prazer.
Sim, ambas funcionam – e bem. Um bom gestor identifica o padrão do colaborador e fala com ele de modo que o toque. Dizer que “Vamos perder mercado se não vendermos mais” para alguém motivado por Prazer não funciona. Assim como “Vendendo mais, será bom pra todo mundo” não ecoa em alguém motivado pela Dor. É aí que entra a “autogestão”! Sabendo como você funciona, fica bem mais fácil de se automotivar, não é?
Talvez pareça óbvio, mas não é. Muita gente não se conhece, age no automático, vive um dia após o outro sem um propósito definido. Infelizmente, alguém aí do seu lado é “devoto de Zeca Pagodinho” e deixa a vida lhe levar. O problema é que a vida passa rápido, e quando se “desperta”, pode ser tarde demais. Elizabeth Kübler-Ross foi uma médica psiquiatra suíça que trabalhou muito tempo com cuidados paliativos em hospitais nos Estados Unidos. A Drª Elizabeth fez uma ampla pesquisa com doentes terminais, fazendo-lhes a seguinte pergunta: Se você pudesse viver novamente, o que faria diferente? A imensa maioria respondeu “Arriscaria mais”, faria mais coisas.
Vivemos amparados por uma aparente segurança, dentro da chamada “Zona de Conforto”, muitas vezes fazendo o que não gostamos, para satisfazer nossa programação de evitar Dor ou de buscar Prazer. Bem, agora que você já sabe como funciona, que tal descobrir qual sua Motivação? Se conhecendo, você pode tirar muito mais proveito do seu modo de pensar. “OK, Professor Castilho, gostei da ideia, mas como fazer?”. Se chegou a esta pergunta, ótimo! Vamos lá!!
Nós psicólogos gostamos de fazer experimentos e de aplicar os resultados nossos e de colegas bem sucedidos. Os estudiosos da Motivação concluíram que pessoas que respondem melhor à evitação da Dor podem utilizar este mecanismo se perguntando “o que de PIOR poderia acontecer se não fizesse tal coisa?”. Com a resposta, repete-se a pergunta, e assim sucessivamente até sentir algum DESCONFORTO. Pronto, seu motor foi abastecido com um combustível eficiente!
Aqueles que se motivam pelo Prazer, devem se perguntar “o que de MELHOR vai acontecer quando eu fizer tal coisa?” e seguir com a mesma pergunta a cada resposta, até sentir SATISFAÇÃO com a ideia que lhe surgiu à mente. Mais um motor bem abastecido!
Importante: cada resposta, em qualquer dos casos, deve ser VIVENCIADA como se estivesse acontecendo no momento. O cérebro humano não sabe diferenciar memória de imaginação, nem imaginação de realidade. Quando vivenciamos um pensamento, para nosso cérebro aquilo está efetivamente acontecendo (como nos pesadelos, que eu chamo de mentiras verdadeiras. Nada daquilo está acontecendo realmente, mas para o cérebro está, então ele dispara as reações quimico-físicas que produziria na realidade).
Agora, o “pulo do gato”: um avião com um motor só, voa. Chama-se monomotor. Porém, um avião com dois motores (bimotor) voa mais alto e mais rápido… Ou seja, é possível (e recomendável) utilizar as duas estratégias! Sim, provocar Dor e em seguira, Prazer. SEMPRE NESTA ORDEM!!! Vou dar um exemplo: digamos que uma pessoa não se sente motivada a aprender um outro idioma, mesmo sabendo o quanto isso poderia incrementar seu currículo e resultados profissionais. Ela pode fazer a alavancagem pela Dor se perguntando o que ela perde não falando aquele idioma (e vivenciando a Dor das perdas): vergonha, impotência, perda de oportunidades, sensação de obsolência etc. Quando incomodar, é a hora de partir para o Prazer. “O que eu vou ganhar falando tal idioma?” (e vivenciar o Prazer): liberdade, possibilidades, conhecimento, crescimento. Que tal??
Vale repetir: comece SEMPRE pela Dor e termine pelo Prazer, não importa qual seja o seu sistema. Assim, ao final do exercício, você estará com uma agradável sensação de possibilidades. Em minhas palestras costumo dizer que se você tem 1,50m de altura, não queira jogar basquete porque podem confundir sua cabeça com a bola. E se mede 2,0m, evite a carreira da jóquei; suas pernas vão arrastar no chão! Com isso, quero dizer para você usar o que a Natureza te deu. Os “motores” motivacionais estão instalados em todos nós. Sabendo como funcionam, podemos usar em nosso benefício.
Outra frase que repito com frequência é: Quem tem um bom PARA QUE acaba encontrando um COMO. Estabeleça objetivos nas diversas áreas da sua vida. Pessoal, Profissional, Familiar, Espiritual, da Saúde, Financeira etc. E que sus ambição seja grande. Motivo fraco, ação fraca. Não significa que você vá atingir todos eles, não é isso. Mas ao se mover em direção a algo GRANDE, mesmo que você não chegue lá, vai vivenciar tanta coisa, aprender, ensinar, trocar, viver. Viva intensamente. Evite deixar a vida te levar, ou você pode dançar…
“Seja reconhecido por suas realizações e não por suas desculpas.”
Prof. Rogério Castilho, Palestrante e professor de PNL e de Hipnose