5 coisas que a música pode fazer com o seu cérebro

Como sabemos, o cérebro é responsável pela percepção que temos do mundo, desde as funções mais básicas do nosso corpo até os sentimentos complexos e quase inexplicáveis passam por esse órgão. Logo, o ato de ouvir música não poderia ser diferente.

Porém, o que talvez você não saiba é que a música causa efeitos muito curiosos em nossos cérebros, chegando a influenciar, inclusive, hábitos de consumo e a forma como percebemos o passar do tempo. Confira, a seguir, uma lista de sensações e benefícios que aquele seu disco  favorito pode proporcionar.

1. Com música, o tempo passa diferente

Já percebeu que todo teleatendimento possui vinheta ou música de espera? Pois aquele toque está ali com um propósito: fazer com que o cliente não perceba que está esperando há muito tempo pelo atendimento. Isso diminui as chances de que a pessoa desligue o telefone antes de resolver o seu problema.

O mesmo truque é usado em consultórios e outros estabelecimentos com sala de espera, além de ser uma das estratégias de lojas, shoppings e mercado para fazer com que as pessoas se sintam menos apressadas durante a compra.

O que acontece, nesses casos, é que a música serve para desviar a sua atenção. Como o cérebro humano possui uma capacidade limitada de recebimento de informações, é provável que acabemos por prestar mais atenção à música do que ao movimento dos ponteiros do relógio.

Mas o contrário também pode acontecer. Ouvir música ao realizar uma tarefa importante, por exemplo, pode fazer com que a pessoa tenha a impressão de que o tempo passou mais rápido, afinal, o trabalho acaba ocupando mais “processamento” do cérebro.

E pense bem antes de escutar “aquela” porcaria enquanto espera por alguém: as músicas que você não gosta podem fazer com que três minutos pareçam 30 dentro da sua cabeça.

2. Música mexe com nosso medo instintivo

Gritos de porcos no abate foram usados na sonoplastia do filme O Exorcista (Fonte da imagem: Divulgação/Warner Bros.)

Quem já assistiu ao filme “O Exorcista” e tremeu de medo durante a cena em que o demônio é expulso do corpo de Reagan já tem uma desculpa para dar aos amigos: aqueles gritos, na verdade, não eram da atriz Linda Blair, mas de porcos sendo preparados para o abate.

Alguns sons despertam o medo no ser humano e, é claro, a indústria cinematográfica sabe muito bem disso. É por isso, por exemplo, que as cenas de suspense ou terror estão sempre acompanhadas de trilhas sonoras que ajudam a intensificar a tensão ou medo que sentimos enquanto assistimos ao filme. Isso funciona porque existem certos sons que os seres humanos irão sempre associar ao perigo iminente ou medo, como o grito de outras pessoas ou espécies de animais. Os cientistas chamam esses sons de “ruídos discordantes”.

Sendo assim, se quiser passar menos medo quando revir o filme, deixe o volume da TV no mínimo.

3. Academia e música: combinação perfeita

Muita gente gosta de ouvir música enquanto corre ou malha o corpo na academia. Curiosamente, isso é muito mais do que uma mania ou mero passatempo, já que diversos benefícios podem ser alcançados dessa forma.

Para começar, a música ajuda o atleta a obter um desempenho melhor, segurando pesos por mais tempo, reduzindo o consumo de oxigênio e concluindo corridas em menos tempo. Parte disso vem da característica citada no primeiro item desta lista: a música distrai. Dessa forma, as pessoas não se preocupam tanto com as dores que sentem nas pernas ou com quantos quilômetros ainda precisam correr.

Mas os benefícios não acabam por aí. A música também ajuda a sincronizar o exercício com o tempo musical. Dessa forma, atletas não perdem tanto tempo e esforço aumentando ou diminuindo a performance de acordo com o próprio ritmo. Como se não bastasse, o MP3 player também pode servir como analgésico para treinos que exigem muito esforço: de acordo com uma pesquisa publicada na The Cochrane Library, quem ouve música depois de ser operado sente menos dores.

4. Mais uma cerveja! E aumenta o som, DJ!

Por esta todo mundo esperava: a música que toca na balada altera a percepção humana sobre as bebidas, fazendo com que clientes consumam mais do que o normal e até solicitem determinados drinks. Quer um exemplo? De acordo com o artigo “The Effect of Background Music on the Taste of Wine” (PDF em inglês), a música clássica faz com que os clientes peçam vinhos mais caros, já que se deixam levar pela ideia de sofisticação e riqueza que circunda as obras de Mozart e outros compositores.

Além disso, outros estudos indicam que a música ambiente também altera o sabor do vinho. Dependendo da canção que está tocando, a bebida pode parecer mais refrescante ou doce do que o normal. O professor Adrian Nort, responsável pelo estudo, também constatou, em uma pesquisa anterior, que se um mercado tocasse músicas com som de acordeão, os clientes acabavam comprando mais vinhos franceses do que alemães.

É claro que isso não se restringe ao mundo dos vinhos. Músicas agitadas e com batidas fortes fazem com que as pessoas consumam mais álcool em bares e boates. Ambientes ruidosos colaboram para que as pessoas percam o bom senso e bebam mais do que o normal.

Mas quando o assunto são os restaurantes, as músicas calmas é que fazem os clientes pedir uma dose extra. Por deixarem os consumidores mais relaxados, é muito provável que eles continuem sentados e conversando, mesmo depois de terem terminado a refeição. Assim, aumentam as chances de que o consumidor peça mais uma garrafa de bebida para continuar o papo.

E caso os hits do momento tenham feito você beber demais, não se preocupe: também há dicas científicas para curar a ressaca.

5. Música melhora a comunicação

Você sempre detestou as aulas de piano ou violão que sua mãe insistia para você fazer? Pois agora, agradeça: estudar música faz com que seja mais fácil reconhecer variações sutis de emoções em outras pessoas. Além disso, em um ambiente com muito barulho, o estudante de música consegue filtrar melhor os ruídos e se concentrar na conversa de que está participando.

Experimentos atestam que estudantes de música conseguem expressar melhor suas emoções e reconhecer o estado emocional de outras pessoas com mais sensibilidade, analisando, por exemplo, o tom de voz da pessoa que estiver falando.

E mais: essa habilidade se torna mais desenvolvida de acordo com o tempo dedicado aos estudos. Portanto, lembre-se: as aulas de música tidas na infância podem ajudar alguém a se tornar um profissional com uma ótima capacidade de comunicação.

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Não tem desculpa para deixar a música de lado. Quem gosta de apreciar esse tipo de arte pode fazer uma playlist gratuita no youtube e se deliciar.

Som na caixa, DJ!

7 técnicas para meditar e acalmar a mente

A lista de benefícios oferecidos pela meditação é bastante extensa. A técnica milenar ajuda a disciplinar e acalmar a mente, trazendo conforto emocional e aumentando nossa capacidade de concentração. E se você é do tipo que nunca nem pensou em usufruir de tudo isso, apavorado só de pensar na combinação cheiro de incenso mais música instrumental, tem tudo para mudar de idéia. Existem técnicas para todos os tipos de perfil: dá para meditar de olho aberto, vendo uma imagem bonita, entoando mantras ou simplesmente em silêncio, num lugar calmo.

O tempo para sentir todas essas melhoras varia de uma pessoa a outra e tem pouca relação com a duração da prática. O que conta é a firmeza de propósito, a disciplina e a regularidade para criar o hábito. É isso mesmo: a meditação é a ginástica da mente, com a vantagem de que bastam 15 minutos diários para desencadear as mudanças na vida dos praticantes.

Há muitas técnicas que conduzem a mente à tranquilidade. Veja algumas delas:

Corpo São

Apoios fisiológicos usados para melhorar o estado mental. É uma das mais comuns e simples de fazer. Concentre-se na respiração, nas batidas do coração ou na pulsação do corpo. Sente na chamada pose de índio (ou posição de lótus), com a coluna reta e as pernas cruzadas. Feche os olhos e focalize o fluxo de ar que entra e sai de seus pulmões.

Essa técnica é aplicada no budismo japonês. Se uma pessoa está ansiosa e agitada, o gesto de inspirar e expirar o ar longamente simboliza expelir o que está incomodando. É a saída do excesso de peso, propiciando um estado de serenidade. A prática hinduísta do tantrismo se concentram nas pulsações e o taoísmo, baseado na filosofia chinesa, nos batimentos cardíacos.

Cristã e bhakti-ioga

O foco da meditação são as divindades, orações ou textos sagrados. Resgatada pelo monge beneditino inglês John Main (1926-1982), está baseada na repetição de um mantra (sons). Sente-se com as costas retas em um lugar tranquilo, duas vezes ao dia, no período da manhã e à noite. Feche os olhos e repita o mantra Maranatha, que em aramaico significa “Venha, Senhor. Venha, Senhor Jesus”.

Transcendental

Não requer concentração ou contemplação. É baseada na repetição de um som particular só conhecido pelo iniciado.

Zen-Budista

Uma das técnicas dessa corrente do budismo é a meditação andando do monge Thich Nhât Hanh. Ao caminhar, conte os passos e sincronize-os com a respiração.

Dinâmica

Criada, especialmente para os ocidentais, pelo líder espiritual Mohan Chandra Rajneesh, o Osho. A técnica mistura elementos de várias culturas, como músicas, danças e movimentos para se conectar com o presente.

Raja Yoga

O foco é a reflexão. Sentados numa posição confortável e de olhos abertos, os praticantes mentalizam pontos positivos da natureza humana, como perdão, bondade, generosidade, compaixão e amor incondicional.

Concentração

Mantras (sons), formas geométricas ou cores são o ponto de atenção. É comum nas práticas hinduístas e budistas. Os praticantes concentram-se num desses aspectos e fazem com que pensamentos e emoções se direcionem a ele.

15 minutinhos de prática diária podem te proporcionar benefícios imediatos e a longo prazo. Gosta de você? Comece a meditar. Em alguns anos você vai se agradecer por ter começado hoje!

 

Mude seus pensamentos, mude sua vida

“Mude seus pensamentos criando alternativas de futuros para si mesmo. Esse simples exercício usando uma estratégia de motivação da PNL, pode levar a uma motivação maior no presente.

Muito do que precisamos fazer requer que nós mesmos nos motivemos de uma forma intencional. As recompensas da vida não aparecem magicamente, apesar do nosso desejo infantil da gratificação instantânea e sem esforço. Você deve mudar o seu pensamento sobre isso.

Resultados positivos exigem esforço positivo. O esforço positivo exige motivação. Assim, se a sua automotivação está insuficiente para fazer algo que você precisa fazer, você está no lugar certo. Veja como o método de alternar futuros funciona para inspirá-lo a começar a trabalhar produzindo resultados.

Veja o que fazer para mudar o seu pensamento, especificamente…

1) liste as razões de porquê você deseja mudar.

2) imagine, em detalhes, as consequências (de não fazer isso) que você inevitavelmente sofrerá no futuro.

3) imagine, em detalhes, os benefícios que você vai colher no futuro, se você fizer isso.

Por exemplo:

Perder peso e entrar em forma não acontece só porque você quer. E o pior, na maioria das vezes, só desejamos estar em forma e acabamos muito aquém do puro desejo de fitness e saúde. Então, vamos aplicar o processo de alternativas do futuro para mudar o seu pensamento.

Primeiro passocomeçamos listando as razões porque queremos perder peso:

• mais energia

• melhor saúde

• maior autoestima

• alívio da dor nas costas e nas articulações

etc… Você pode listar tantas razões quantas quiser.

Segundo passo: imagine, em detalhes, sofrendo as consequências de não fazer o que você precisa fazer.

Então, por exemplo, você está com chagas no pé causadas pela diabete. Ou precisa de cirurgia na coluna. Sem energia e dependendo de outras pessoas para cuidarem de você. Sua carreira pode ser interrompida. Sua vida certamente seria abreviada, deixando para trás entes queridos com os quais poderia ter passado mais tempo.

Não evite a possibilidade de essas coisas negativas acontecerem. Se você permanecer desmotivado e não mudar o seu pensamento, essas são possibilidades reais. Enfrente-as. Sinta-as. Mude para um futuro imaginado no qual essas possibilidades são reais. Como você gostaria que fosse a sua vida?

E então refresque as suas ideias.

Terceiro passo: imagine, em detalhes, usufruindo os benefícios futuros resultantes das ações tomadas.

Mude para um futuro imaginário no qual você se vê saudável, cheio de energia. Diga para você mesmo como está feliz cuidando de si mesmo e como realmente sente isso agora em seu corpo. Vá em frente e imagine um futuro brilhante e cheio de vida com sua saúde vigorosa e permita se sentir super satisfeito com essa perspectiva no aqui e agora.

Se esse processo fizer o que ele normalmente faz, então o seu nível de motivação vai aumentar imediatamente. Sua mente e seu corpo reagirão em contraposição aos resultados. Você estará mais motivado! Na verdade, será impossível não ficar mais motivado na hora se você seguir essas instruções.

Então, faça uma lista do que vai fazer hoje e vá atrás. Malhe enquanto o ferro está quente. Zere o marcador e repita. Não se surpreenda se precisar fazer diariamente esse exercício. Na realidade, eu recomendo.

A PNL é sobre como mudar o seu pensamento para se tornar um ser mais intencional. As estratégias de motivação são técnicas comumente ensinadas em um treinamento Practitioner de PNL que se concentra na verdadeira mudança através do nosso próprio conhecimento e de um melhor conhecimento dos outros.

As pessoas que fazem o treinamento de Practitioner de PNL acham que se tornam melhor para solucionar os problemas, atingem seus objetivos mais rapidamente e são capazes de criar relacionamentos mais fortes.”

(O artigo original “Change Your Thinking: The Alternate Futures Self-Motivation Exercise” encontra-se no site inlpcenter.org )


O texto acima mostra UMA das inúmeras possíbilidades de flexibilização do pensamento que a PNL proporciona. Tendo mais opções, você se tornará uma pessoa mais flexível.

Sendo uma pessoa mais flexível te dará mais possibilidades. Tendo mais possíbilidades, você poderá fazer mais SUCESSO na vida – seja lá o que SUCESSO signifique para você.

Como Trainer oficial da The Society of NLP, dou cursos de PNL com autorização de Richard Bandler, o co-criador da Programação Neurolinguística. Inclusive, o seu certificado será assinado pessoalmente por ele! Você terá um documento histórico, um marco da sua mudança de pensamento e de comportamento para MUITO MELHOR.

Confira nossos próximos treinamentos em www.rogeriocastilho.com.br/agenda 

 

Curso de HIPNOSE CLÍNICA em Fortaleza

A Hipnose é reconhecida pelos Conselhos Federais de Psicologia, Medicina, Odontologia, Fisioterapia e Enfermagem. Trata-se de procedimento com respaldo científico, em prol da Qualidade de Vida. Curso presencial em Fortaleza.

Direcionado a Psicólogos, Médicos, Terapeutas, Dentistas, Hipnólogos, Enfermeiros, estudantes destas áreas e a todos que se interessam pelo assunto. Venha aprender do zero ou aperfeiçoar seus conhecimentos.

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Hipnose como tese de Doutorado

Hipnose: Surpresa e Hipnoidal como Fatores da Mudança Terapêutica nos Distúrbios Emocionais

Autora: Maria Ángeles Ludeña Martins

São diversas as investigações sobre hipnose que evidenciam as expectativas (e as crenças/atitudes) sobre hipnose como determinantes da resposta às sugestões hipnóticas. Nomeadamente, que as expectativas positivas em relação à hipnose constituiriam variáveis psicológicas determinantes, não só para a ocorrência de resposta hipnótica, mas, igualmente, e em especial, no sentido da mudança terapêutica. Todavia, recentemente, diversos estudos e autores têm colocado em questão esta perspetiva (Benham, Woody, Wilson, & Nash, 2006; Lifshitz, Howells, & Raz, 2012), atribuindo às expectativas um papel muito menor quanto à magnitude da influência na responsividade hipnótica. Na sequência destas pesquisas e propostas teóricas, a que juntamos a nossa experiência com o uso de hipnose clínica, formulámos a hipótese de que a indução hipnótica/sugestões hipnóticas provocam surpresa (pela violação das expetativas) e mudança no estado psicológico da pessoa, exercendo a interação entre ambos os acontecimentos, uma influência direta na mudança terapêutica (e não as expectativas, as crenças ou as atitudes). Para realizar este estudo empregámos os seguintes instrumentos: PCI Phenomenology of Consciousness Inventory (Pekala, 2002 – Tradução e validação para a população portuguesa de Ludeña, na presente investigação), o CES-D (The Center for Epidemiologic Studies Depression Scale) de Radloff (1977, adaptado por Fagulha & Gonçaves, 2000), Escala de autoavaliação de ansiedade de Zung (Zung, 1971 – Adaptação de Vaz Serra e col. 1982), Escala de avaliação do efeito surpresa (Ludeña, 2010). Nesta investigação utilizamos uma amostra clínica de 82 pessoas com diversos distúrbios emocionais (ansiedade, depressão). As pessoas preencheram os questionários relativos à ansiedade e depressão e, posteriormente, foram expostas de forma individual a uma experiência hipnótica, em contexto clínico, com sugestões terapêuticas, sem que elas soubessem a natureza dessa experiência. Imediatamente depois da dita experiência preencheram o PCI e a escala de avaliação da surpresa. Passada uma semana, voltaram a preencher os questionários de ansiedade e depressão. As variáveis dependentes neste estudo foram a mudança terapêutica e a experiência subjectiva de hipnose (fenomenologia), sendo a mudança terapêutica operacionalizada como a diferença de ansiedade e depressão antes e depois da experiência com hipnose. O nível de surpresa e o estado hipnoidal (do PCI) foram as variáveis independentes. Tanto a análise da variância como a análise de regressão múltipla hierárquica mostraram uma significativa influência do nível de surpresa mais o estado hipnoidal na mudança terapêutica. Também se observou uma significativa e forte correlação entre estas mesmas três variáveis. Os resultados encontrados apontam para direção diferente à da implicação fundamental das crenças e das expectativas, salientando um papel decisivo para a surpresa e para o estado hipnoidal tanto no respeitante à experiência subjetiva de hipnose, como para a própria mudança terapêutica.

(Pelo link abaixo você tem acesso ao pdf com a tese completa)

https://estudogeral.sib.uc.pt/handle/10316/24523

Cérebro pode ser treinado para curar doenças

Cientistas brasileiros desenvolveram técnica que modifica conexões e abre caminhos para tratar AVC, Parkinson e até depressão

Roberta Jansen, O Estado de S.Paulo

17 de abril de 2019

O cérebro pode ser treinado para curar as doenças que o acometem. Cientistas brasileiros acabam de apresentar uma técnica de treinamento cerebral capaz de modificar as conexões neuronais em tempo recorde. O trabalho, publicado na Neuroimage, abre o caminho para novos tratamentos para o acidente vascular cerebral (AVC), a doença de Parkinson e até a depressão.
Treinamento do cérebro
Treinamento é chamado de ‘neurofeedback’ e usa ressonâncias magnéticas Foto: Theo Marins/Instituto D’OR

O cérebro se adapta a todo momento – um fenômeno conhecido como neuroplasticidade. Essas mudanças na forma como funciona e conecta suas diferentes áreas são as bases do aprendizado e da memória.

Entender melhor essas interações permite o avanço na compreensão do comportamento humano, das emoções e também das doenças que acometem o cérebro. “Tudo o que a gente é, faz, sente, todo o nosso comportamento é reflexo da maneira como o nosso cérebro funciona”, explica o neurocientista Theo Marins, um dos autores do estudo.

Algumas doenças, segundo o especialista, alteram esse funcionamento. E o cérebro passa a funcionar de maneira doente. “Ensinar” o cérebro a funcionar de maneira correta pode melhorar os sintomas de várias doenças.

Uma das ferramentas que vem sendo utilizadas para compreender melhor essas dinâmicas é o neurofeedback. Assim é chamado o treinamento do cérebro para modificar determinadas conexões. O estudo dos neurocientistas do Instituto D’OR de Ensino e Pesquisa e da UFRJ mostrou que o treinamento é capaz de induzir essas modificações em menos de uma hora.

Para fazer o trabalho, os cientistas contaram com 36 voluntários que se submeteram a exames de ressonância magnética. A atividade neuronal captada no exame é transformada em imagens apresentadas em computadores de acordo com a intensidade. Os voluntários acompanhavam as imagens em tempo real, aprendendo a controlar a própria atividade cerebral.

Enquanto 19 participantes receberam o treinamento real, outros 17 foram instruídos com falsa informação – o que funcionou como uma espécie de placebo. Antes e depois do treino, os pesquisadores registraram as imagens cerebrais que permitiam medir a comunicação (a conectividade funcional) e as conexões (a conectividade estrutural) entre as áreas cerebrais. O objetivo era observar como as redes neurais eram afetadas pelo neurofeedback.

Antes e depois

Ao comparar a arquitetura cerebral antes e depois do treinamento, os cientistas constataram que o corpo caloso (a principal ponte de comunicação entre os hemisférios esquerdo e direito) apresentou maior robustez estrutural. Além disso, a comunicação funcional entre as áreas também aumentou. Para os pesquisadores, é como se o todo o sistema tivesse se fortalecido.

“Sabíamos que o cérebro tem uma capacidade fantástica de modificação. Mas não tínhamos tanta certeza de que era possível observar isso tão rapidamente”, conta Marins.

Desta forma, o treinamento cerebral se revelou uma ferramenta poderosa para induzir a neuroplasticidade. Agora, os pesquisadores esperam utilizá-lo para promover as mudanças necessárias para recuperação da função motora em pacientes que sofreram um AVC, que foram diagnosticados com Parkinson e mesmo com depressão.

“O próximo passo será descobrir se pacientes que sofrem de desordens neurológicas também podem se beneficiar do neurofeedback, se ele é capaz de diminuir os sintomas dessas doenças”, disse a médica radiologista Fernanda Tovar Moll, presidente do Instituto D’OR. “Ainda falta muito para chegarmos a protocolos específicos. Quanto mais entendermos os mecanismos, mais terapias poderemos desenvolver.”