Vamos aqui tratar de algumas abordagens dentro da Psicologia que tem fundamentos em bases epistemológicas divergentes porém buscam a melhora do estado emocional do indivíduo.
Psicoterapia Cognitivo-Construtivista
Construtivismo significa organizar, dar estrutura. O modelo cognitivo apresenta o sujeito como principal responsável por suas ações no mundo e ele é ativo quando interpreta suas experiências para assimilá-las e enfim acomodá-las. Na Terapia Cognitivo-Construtivista nossas representações sobre a realidade não são determinadas pelo meio e sim construídas pelo sujeito. No modelo cognitivo-construtivista sugere-se que primeiramente sentimos algo para, em seguida, podermos pensar alguma coisa a respeito. Ou seja, o encontro de coração + cabeça é que determinam nossos comportamentos. Ao contrário da Terapia Cognitivo-Comportamental, em que primeiramente pensamos para depois sentirmos e finalmente nos comportarmos. Na Terapia Cognitivo-Construtivista as emoções estão em grande destaque pois ela passa a ser adaptativa, não precisando ser extinta. Considerando as estruturas emocionais um alicerce para a construção do conhecimento e ao criar sínteses das contradições entre o “cabeça” e o “coração”, constrói-se um significado global. A emoção contribui para a formação dos significados do nosso sistema psicológico. O funcionamento emocional é importante para a construção de significados envolvendo atividades do hipotálamo e da amígdala e quando estas circunstancias são detectadas, ou seja, alguns alarmes emocionais são acionados disparam emoções primárias, conhecidas como medo, raiva e tristeza e segundo a Cognitivo-Comportamental o primeiro mecanismo a ser disparado nessas situações onde essas emoções aparecem é o da ação e somente depois de agirmos é que vamos pensar a respeito da condição perturbadora.
Uma das metas do modelo construtivista é ajudar o sujeito na construção de um significado para que as emoções possam ser simbolizadas e significadas. Essa terapia é feita através da história do cliente, fazendo com que ele tenha um conhecimento pessoal sobre si e sobre o mundo, tomando como ponto de partida as interações pessoais e de que maneira ele faz essas representações fazendo-o entender que ele é fabricante de suas realidades. O terapeuta tem um papel passivo, pois o cliente é que é ativo e faz a construção dos significados nas experiências vividas.
A relação terapêutica é caracteriza por um vínculo criado entre o sujeito e terapeuta, podemos chamar isso de aliança terapêutica em que há colaboração e empatia. O profissional oferece apoio para que o cliente organize a sim mesmo e sua vida, fazendo uma revisão das emoções e encontrando o equilíbrio e o sentido de ordem da sua própria história.
Piscoterapia Analítico-Comportamental
A Psicoterapia Analítico-Comportamental é baseada no Behaviorismo Radical e na Análise do Comportamento. Nessa abordagem o paciente é mais ativo no processo terapêutico e o ambiente em que vive é analisado juntamente com os seus comportamentos a fim de discriminar quais deles estão sendo mais ou menos adaptativos, desvelando de que maneira esses comportamentos estão influenciando sua vida. Ela tem como foco a pessoa em seu contexto. O objetivo é ajudar o paciente a manter comportamentos mais saudáveis que tragam menor sofrimento e mais elementos reforçadores positivos.
O terapeuta tem que estar apto para avaliar não só o que o paciente traz como demanda textual mas também o seu estado físico, que tende a dizer muito mais sobre o seu estado interno. O modo como se comporta na sessão também diz muito do sujeito. Cabe ao terapeuta ouvir o paciente sem julgamento de suas atitudes e pensamentos, questionando apenas os pontos específicos que podem não ter ficado claros. Desta forma, possibilitando o autoconhecimento e autonomia ao paciente, fazendo com que compreenda as relações e identifique os “comportamentos-problemas”, e se torne apto a modifica-los ou mantê-los.
Psicoterapia Cognitivo-Comportamental
A Terapia Cognitivo-Comportamental é uma abordagem psicoterápica baseada na combinação dos conceitos do Behaviorismo com as teorias Cognitivas. Ela entende a forma como o ser humano interpreta os acontecimentos e de que maneira eles influenciam em suas relações e suas vidas. Trabalha e interpreta o que chamamos de Triade Cognitiva, ou seja, a visão de si, do mundo e do futuro que o cliente traz para a sessão. É uma psicoterapia estruturada, de curta duração, voltada para o presente, direcionada para solução de problemas atuais e modificação de pensamentos e comportamentos disfuncionais. O tratamento é baseado em uma conceituação ou compreensão de cada cliente. O terapeuta procura produzir a mudança cognitiva, ou seja, mudanças de pensamentos e de crenças, buscando uma mudança emocional e comportamental duradoura.
A TCC foi fundada nos anos 60 por Aron Beck e inicialmente ele propôs um modelo cognitivo da depressão e posteriormente evoluiu para a compreensão e tratamento de outros transtornos.
Entendemos que a TCC é bastante especifica, clara e direta sendo utilizada para tratar diversos transtornos e o objetivo principal é identificar padrões de comportamento, pensamento, crenças e hábitos que estão na origem do “problema”. Além disso, auxilia nas diversas questões que envolvem a vida como um todo. Entende-se que pensamento gera sentimento que gera comportamento. Portanto, se você tem pensamentos disfuncionais seus comportamentos serão disfuncionais também. E essa abordagem trabalha diretamente na mudança desses pensamentos, fazendo o levantamento das crenças do cliente. Cabe ao terapeuta auxiliar o cliente a encontrar novas possibilidades de pensamentos alternativos e mais funcionais que possibilitem uma boa adaptação à sua realidade social. Para que os resultados sejam satisfatórios o cliente deve ser colaborativo, pois as mudanças dependem dele. Para isso, é importante que ocorra uma aliança terapêutica sólida. Tem como objetivo ensinar o cliente a ser o seu próprio terapeuta, adquirindo autonomia para lidar com suas próprias questões. As sessões são estruturadas e focais e utiliza-se uma variedade de técnicas para mudança de pensamentos, humor e comportamento, fazendo a reestruturação cognitiva e comportamental que dá nome à esta abordagem.
Psicoterapia Gestaltista
A Gestalt tem origem na Alemanha com publicações de trabalhos sobre a percepção visual. Ela é uma teoria psicológica e não uma psicoterapia. Em 1972, uma brasileira, Vera Felicidade, criou a psicoterapia Gestaltista utilizando conceitos fundamentas da teoria Gestalt, estudando desta forma, o ser humano e o seu comportamento. Baseada no diálogo entre psicoterapeuta e cliente. Fundamentada na Fenomenologia e materialismo dialético. Ela busca responder o que é o ser humano, como ele se desenvolve, como fundamenta o trabalho de transformação e a visualização de uma estrutura humana. Entende o ser humano como possibilidade de relacionamento, onde perceber é conhecer, os problemas psicológicos são problemas perceptivos. Permite entender o Ego como um sistema de referência ou de arquivos vivenciais. Nesta abordagem o ser humano é considerado em sua totalidade. É o estudo da percepção que permite entender o ser total. O objetivo é ajudar o sujeito a mudar sua percepção, pois desta forma, mudam-se os comportamentos. E isso é feito através de questionamentos, pela reestruturação do campo dos problemas. Entende-se que somos o que percebemos, o que a relação com o outro possibilita ser, e ao mudar um desses referenciais mudamos a nossa percepção e o nossos comportamentos.
Como funciona a psicoterapia pela escola de Reich?
Ela vê simultaneamente os processos orgânicos e energéticos do corpo humano, fazendo uma interseção entre a medicina e a psicologia. Reich, seu fundador, encontrou base teórica em Freud e em técnicas para formular sua própria linha de pensamento em relação a cura de problemas físicos e psicológicos. Desenvolveu três técnicas energéticas: análise de caráter, vegetoterapia e orgonoterapia.
A primeira basea-se no conhecimento dos campos energéticos do corpo humano, a vegetoterapia trata-se da liberação de energias corporais que possam estar com bloqueios, fazendo a reestruturação energética e a orgonoterapia lida com a liberação da energia vital, que pode estar estagnada em algumas partes do corpo, causando enfermidade. A psicoterapia Reichiana é feita com técnicas respiratórias, posturas corporais e massagens. Trabalha com vínculos e a capacidade de cada paciente, promovendo qualidade de vida e gerando transformações positivas tanto físicas quanto emocionais. Ela cuida da saúde e ao mesmo tempo ajuda a pessoa ultrapassar obstáculos pessoais, sociais ou profissionais. Ela percebe o ser humano como uma unidade psicossomática, por isso trabalha o ser humano como um sistema integrado, onde corpo e mente fazem parte do mesmo sistema.
As emoções geram reações no corpo e vice-versa fazendo com que todo distúrbio psicoemocional esteja associado a distúrbios corporais.
Esta psicoterapia propõe um trabalho unindo a escuta clínica ao trabalho corporal, incluindo a liberação de impulsos e emoções reprimidas associadas aos conteúdos psíquicos.
Rosana Cibok
CRP 06/141653