Australiano utiliza hipnose para acabar com a dor de clientes na hora de tatuar

POR FREDERICO PORTELA – O GLOBO

 Vai doer? Vai. Quem já passou pela mesa de um tatuador sabe que receber uma tatuagem dói – ao menos incomoda. No entanto, de acordo com o australiano Christopher Phoenix, a hora de enfrentar as agulhadas pode ser muito mais tranquila se combinada com uma sessão de hipnose.

Phoenix começou a estudar sobre métodos hipnóticos há cerca de 5 anos na tentativa de diminuir os efeitos da insônia. Mas, desde 2013, ele vem utilizando sua técnica em pessoas durante sessões de tatuagem. O procedimento promete reduzir o desconforto do contato das agulhas com a pele.

Phoenix já realizou mais de 30 procedimentos até então, e garante que funciona, principalmente em pessoas que já foram tatuadas antes:

— Antes da anestesia a hipnose era utilizada para aliviar a dor, é uma técnica legítima — diz ao ‘Daily Mail’ — Funciona melhor em pessoas que já tem tatuagens, pois assim elas podem comparar a diferença.

O australiano no momento está escrevendo um livro com o também hipnotizador Benjamin Ryan.

Assista a um vídeo (em inglês) com depoimentos de pessoas hipnotizadas por Ryan. Os clientes relatam sensação de anestesia:

Técnicas de hipnose melhoram a performance de atletas

Jornal do Brasil

Muito usada por concurseiros, a hipnose é um dos principais fatores usados hoje para potencializar a concentração. Como não podia ser diferente, ela pode ser usada também para potencializar os resultados de atletas de alto rendimento que participam de competições que demandam requisitos supra-humanos como os Jogos Olímpicos. Rosane Ewald, atleta de tiro esportivo, é uma das adeptas da auto-hipnose.

“Toda noite faço a prova mentalmente e repito frasespositivas, que evitam que eu pense em coisas ruins durante a prova. Na hora, sento e respiro com calma, para abaixar a pressão. Aí pode cair o mundo do meu lado que eu não presto atenção. Se o juiz quer falar comigo, por exemplo, ele tem de me cutucar, senão eu não ouço ele falando do meu lado”, contou a atleta em entrevista para o UOL.

Vânia Calazans, psicóloga e hipnoterapeuta, destaca ainda a importância da técnica para estabelecer o equilíbrio emocional dos atletas:

“A hipnoterapia cognitiva ( hipnose associada a terapia cognitivo comportamental) além de melhorar o desempenho dos atletas, propicia o equilíbrio emocional tão necessário em provas competitivas, através de técnicas de gerenciamento de ansiedade, levando ao aumento da performance”, afirma a especialista.

Será essa uma arma para competir no seu próprio país sem sofrer com a pressão da torcida brasileira?

Capixaba que morou em lixão vendeu empada na praia para fazer faculdade

Thiago Varella – UOL  (16/08/2016)

Quando criança, Ana Karla Nascimento Santa Ana decidiu quer iria ser advogada quando crescesse. A “certeza” veio quando viu o julgamento da personagem Ruth, na novela Mulheres de Areia. Mas, havia um problema. Ao longo da vida, essa capixaba da cidade de Serra, regiãometropolitana de Vitória (ES), ouviu de várias pessoas que “preto e pobre não estudam direito na faculdade.” No entanto, ela conseguiu. Não só se formou em direito como, antes ainda de terminar o curso, passou no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Mas o caminho não foi fácil. De fato a pobreza sempre foi constante na vida de Ana Karla. Filha de pais muito novos, assim que nasceu, ela foi morar em um lixão. Os mais “ricos” do local viviam em casa de madeira, enquanto sua família se contentava com um barraco de lona. Ao longo da infância, se mudou de uma ocupação para outra. Com as mudanças, também trocava de escola e perdia ano letivo. Dos 10 aos 14 anos ficou sem estudar. Voltou na quinta série e conseguiu concluir o que então era chamado de primeiro grau.

“Durante o ensino médio precisei trabalhar. Meus pais se separaram e minha mãe, que era faxineira, cuidava de mim e dos meus dois irmãos. Acabei abandonando a escola no segundo ano”, contou. “Aos 19 anos, casei. E no ano seguinte, separei. Me vi desempregada, sem escolaridade e com depressão, por causa do divórcio”, contou. O sonho de se tornar advogada ficava cada vez mais longe. Ana Karla casou-se de novo, com Sidnei Lima da Silva, e teve seu primeiro filho quando trabalhava em uma loja. No entanto, quando pediu para mudar de horário para poder estudar, recebeu uma resposta que marcou sua vida. “Meu gerente disse que preto e pobre não cursa direito. Como a faculdade não era útil para a loja, ele me demitiu”, contou. Ana Karla foi trabalhar como babá e retomou os estudos no EJA (Ensino de Jovens e Adultos) para, pelo menos, terminar o ensino médio. Em 2010, com a ajuda do marido, decidiu prestar o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). “Ele ficou no terminal de ônibus tomando conta do nosso segundo filho, enquanto fui fazer a prova. Fiz uma pontuação bacana e acabei conseguindo três bolsas pelo Prouni”, disse. “Pensei em cursar pedagogia, já que preto e pobre não fazia direito, mas meu marido me convenceu a ir atrás de meu sonho”, completou. Matriculada e cursando direito na Universidade Estácio de Sá, Ana Karla precisou vender bala no terminal de ônibus e empadinha na praia ao lado do marido para sobreviver. “Colocava uma caixa na sombra de uma castanheira e vendia ali mesmo. Cheguei a estagiar, mas o salário era baixo e valia mais a pena vender minhas coisas na rua”, disse. Hoje, Ana Karla se diz orgulhosa de ter conseguido seu diploma. Mais do que isso, antes de se formar passou no exame da OAB. No começo do mês, teve o esforço reconhecido pelos vereadores de Serra e recebeu a comenda Nelson Mandela. Dentro de casa, a situação ainda não é confortável. Sidnei continua vendendo bala nos ônibus da cidade para manter a família e estudando para também passar no vestibular de direito. Já Ana Karla vai começar a estudar para prestar concurso. O sonho futuro é ser juíza. Por enquanto, vai tentar a defensoria pública. “Agora, eu tenho que estudar e conseguir um emprego. Tanto faz, escritório ou empresa. A porta que se abrir quero aproveitar ao máximo. Vou também tentar ser defensora pública e, no futuro, juíza. Ainda existe muito preconceito e discriminação. Vou trabalhar contra isso”, afirmou.

Como a hipnose substituiu a anestesia geral em 37 operações ao cérebro

Uma equipe de cirurgiões franceses publicou um artigo científico que confirma que a hipnose pode substituir as anestesias gerais em cirurgias de extração de tumores. Na Net, já há vídeos de cirurgias que recorreram à hipnosedação.

E se as equipes de cirurgias passarem a contar com especialistas em hipnose? O conceito já começou a ser experimentado no Centro Hospitalar Universitário de Tours, França, durante cirurgias a doentes com tumores cerebrais. A equipa de cirurgia local usou técnicas de hipnose em 43 cirurgias realizadas em 37 pacientes – e apenas dois desses pacientes disseram que, se tiverem de ser operados outra vez, preferem a anestesia geral, refere um artigo publicado no jornal Neurosurgery.

As cirurgias ao cérebro costumam ser compostas por três momentos: um primeiro em que o doente está sob efeito da cirurgia geral e que prevê o corte de pele e do osso; um segundo em que o doente é acordado para que o médico possa fazer a intervenção e limitar eventuais danos colaterais durante a extração do tumor; e por fim, um terceiro momento em que o doente é colocado outra vez sob anestesia geral para que o médico possa “fechar” a abertura da cirurgia.

Através de uma técnica batizada de hipnosedação, os médicos substituíram a anestesia geral por sessões de hipnose que começam a ser preparadas algumas semanas antes da operação. A Ars Technica revela ainda que pouco antes da cirurgia, os doentes são instruídos para que imaginem um cenário alegre em que é possível manter a consciência afastada a alguns centímetros do corpo. Durante a cirurgia o hipnotizador também pode dar instruções em consonância com as intervenções que são feitas pelos médicos – e desse modo poderá poupar os doentes aos ruídos ou vibrações causadas pela aplicação dos diferentes instrumentos na massa encefálica.

A hipnosedação apenas substitui a anestesia geral. Os doentes continuam a tomar analgésicos e sedativos que evitam a sensação de dor durante a cirurgia. Apesar de não dispensar o recurso a fármacos na totalidade, esta nova técnica tem a vantagem de tornar as cirurgias mais rápidas (não é necessário esperar que os doentes despertem) e de facilitar o controlo dos sinais vitais do doente.

Ainda é cedo para augurar a ascensão da hipnosedação ao estatuto de especialidade clínica: os cirurgiões do hospital de Tours não apuraram resultados que possam ser comparados com os doentes que foram submetidos a anestesias gerais – e por isso é difícil saber quais as vantagens que o uso da hipnose pode ter em cenário de cirurgia. Além disso, há a questão da adaptação ao indivíduo: a hipnose exige longos períodos de preparação e treinos – e todas essas sessões têm em conta os gostos e preferências de cada doente.

No vídeo que se encontra integrado nesta página pode ver uma cirurgia que recorre a hipnosedação. Não aconselhável a pessoas mais suscetíveis.

https://www.youtube.com/watch?v=1r4NyFfkghA

(Fonte: http://exameinformatica.sapo.pt)

A luta contra o Tabagismo ganha aliada através da Hipnose

Estudos mostram que cerca de 23 pessoas morrem por hora no Brasil por causa do cigarro, 200 mil pessoas no país morrem por ano em decorrência do tabagismo.
Fumo

O tabagismo é reconhecido como uma doença epidêmica que causa dependência física, psicológica e comportamental semelhante ao que ocorre com o uso de outras drogas como álcool, cocaína e heroína. A dependência ocorre pela presença da nicotina nos produtos à base de tabaco. A dependência obriga os fumantes a inalarem mais de 4.720 substâncias tóxicas, como: monóxido de carbono, amônia, cetonas, formaldeído, acetaldeído, acroleína, além de 43 substâncias cancerígenas, sendo as principais: arsênio, níquel, benzopireno, cádmio, chumbo, resíduos de agrotóxicos e substâncias radioativas. Nos países desenvolvidos, as terapias alternativas são grandes aliadas em diversos tratamentos. No Brasil, as técnicas de hipnose clínica estão ganhando popularidade para o tratamento contra diversos males, entre eles, o tabagismo. A enfermeira Antônia Luciana, 43, deixou de lado o hábito de fumar 20 cigarros por dia, que carregou durante dez anos. “Na segunda sessão de Hipnose consegui parar de fumar” conta.  Ela também ressalta que testou tratamentos com adesivos de nicotina e medicamentos. “Acreditei ser a hipnose, o último recurso que eu tinha”. A psicóloga Miriam Farias, que é especializada em hipnose clínica, explica que o tempo de tratamento vai depender de cada um, tem pacientes que respondem melhor e mais rápido ao tratamento.

Uma série de doenças estão associadas aos efeitos nocivos do fumo. O câncer é a mais comum. O tabaco é o responsável em 30% das mortes por câncer de boca, laringe, faringe, esôfago, estômago, pâncreas, rim, bexiga e colo de útero e em 90% das mortes por câncer de pulmão. Entretanto, as chances de se desenvolver um câncer de pulmão diminuem quando o indivíduo deixa de fumar e, segundo pesquisas, após 15 anos sem o uso da droga os pulmões, voltam ao normal como os de um não fumante. Outras doenças coronárias (angina,  infarto do miocárdio,  hipertensão arterial, colesterol alterado, embolia pulmonar e tromboflebite), cerebrovasculares (derrame cerebral, aneurismas arteriais), pulmonares obstrutivas crônicas (bronquite e enfisema), úlceras do trato digestivo, infecções respiratórias, entre outras, estão também relacionados ao ato de fumar cigarros, charutos, cachimbos e cigarros de palha.

O produtor editorial, André Cabral, 44 anos, conta que começou a fumar já um pouco tarde, logo depois de ser diagnosticado com transtorno bipolar por volta dos 32 anos “Depois de muitas idas e vindas, e várias tentativas fracassadas de parar de fumar, com a hipnose, deixei definitivamente de fumar aos 42. Fumava em média um maço de cigarros por dia, mas houve períodos em que fumei mais de dois”, explica, “A dependência desse tipo de droga é violenta, um dia você pede um cigarro a um colega ou compra no botequim, e fatalmente você volta a ser um fumante. Quando tentei a hipnose, tive a confiança de parar de fumar, pois, com a hipnose ficou mais fácil dizer não ao cigarro.”  concluiu.

André conta que na quarta sessão com a ajuda da hipnose clinica, já se sentiu mais confiante em largar de vez as baforadas do cigarro. “Combinei com a terapeuta dez sessões (uma a cada semana) de hipnose, com esse objetivo de deixar de fumar, no entanto, foram necessárias apenas quatro sessões. Entre quinze e vinte dias, pude dizer não ao cigarro, e novamente deixá-lo, mas dessa vez, foi mais fácil dizer e continuar dizendo não ao cigarro” revelou.  A hipnose é uma pratica reconhecida pelos conselhos Federal de psicologia, medicina, odontologia e fisioterapia. No Brasil a hipnose é uma técnica aprovada pelo CFM (Conselho Federal de Medicina), em 20/08/99, através do Parecer nº 42/99. Os resultados positivos do tratamento, que se mostram definitivos na maioria dos casos de tabagismo, são obtidos através do equilíbrio entre o desejo de parar de fumar, e o tratamento dos sentimentos e emoções, que levam o paciente a encontrar no cigarro uma válvula de escape para suas questões emocionais.

Durante o tratamento, o hipnólogo investiga e procura as questões que levaram o paciente a ficar dependente do cigarro, e qual é a representação do cigarro na sua vida, tratando as representações e os afetos que estão relacionados ao uso do cigarro. Na hipnose, através das sugestões, é possível criar enjoo, aversão e nojo do cigarro;  assim, a pessoa vai se afastando do vício do cigarro, sentindo e percebendo que os cigarros não tem mais nenhuma função na sua vida. Há, porém, muitas pessoas que precisam se livrar do cigarro, mas que não demonstram nenhum empenho na busca desse objetivo. Por essa razão, sempre que tentam, sentem-se mais ansiosas e mais nervosas. Nessas pessoas, o tratamento através da Hipnose, pode também surtir ótimos resultados.

A Hipnose promove o equilíbrio e a qualidade de vida do indivíduo. Através da hipnose, é possível entrar em contato com a mente  inconsciente, e assim buscar uma  solução para o tabagismo sem que o paciente sofra ou volte a ter recaídas, livrando-se  do cigarro para sempre. A hipnose além de combater o tabagismo também é indicada nos tratamentos da depressão, ansiedades, fobias, síndrome do pânico, estresse pós-traumático, tíques, obesidade, dificuldade de aprendizado, transtornos do sono entre outros, além disso, recomenda-se o emprego da hipnose para tratar baixa autoestima, compulsões, estresse, gagueira, doenças psicossomáticas e dores de uma forma geral, sobretudo enxaquecas. Também auxilia pessoas sadias que desejam mudar sua maneira de agir para melhorar seus desempenhos sociais, profissionais ou de relacionamento e até mesmo os candidatos submetidos a provas e concursos.

(Fonte: acritica.net)

Fergie diz que a hipnose e a música a salvaram das drogas

 

A cantora norte-americana acha que as pessoas dependentes têm de procurar alternativas para se manterem sóbrias. “Para mim foi fazer música e pôr os meus pensamentos para fora”, disse em entrevista ao jornal Guardian. Além da música, Fergie, de 39 anos, completou o seu tratamento com hipnose, que faz até hoje: “É uma técnica normal, em que no final se atinge um estado total de relaxamento e a terapeuta pode falar com o meu subconsciente. Fico muito descontraída, como se estivesse a sonhar. Já fiz hipnose para comer. Vou à geladeira e posso ouvir a voz dela a dizer para eu ser sensata”.

 A vocalista dos Black Eyed Peas diz que agora controla muito melhor o que come, em menos quantidade mas com mais qualidade: “O meu café da manhã é um smoothie verde todos os dias. Tem couve, espinafre, alface romana, metade de uma banana, metade de uma maçã e metade de uma pera”.

 Não é a primeira vez que Fergie fala do seu passado de drogas e revela detalhes sobre o tempo em que foi dependente: “No início, comecei com esctasy. Depois, aos poucos, passei do ecstasy para a anfetamina. Quando se começa a usar drogas, temos a impressão de que é genial e que tudo está ótimo. Depois a vida se torna um verdadeiro redemoinho, que nos leva pra baixo. Durante algum tempo eu cheguei a pesar 40 quilos!”.

2 dicas sobre o limão

Cérebro muda de acordo como é usado, diz neurocientista

Quando o assunto é neuroplasticidade, não há como deixar de mencionar os estudos pioneiros conduzidos por Michael Merzenich (Michael Merzenich), professor emérito da University of California, San Francisco (UCSF). Desde os anos 1960, quando ainda predominava entre neurocientistas a ideia de que o cérebro seria um órgão estático, pré-moldado sob estrita ordenação genética, Merzenich defende que é possível, ao longo de toda a vida, criar novos circuitos e conexões neuronais em resposta a estímulos e experiências, o que resultaria em mudanças funcionais. As teorias sobre a neuroplasticidade formuladas por Merzenich e outros neurocientistas contemporâneos abriram perspectivas revolucionárias – tanto para crianças com dificuldades de aprendizado como para pessoas com lesão cerebral decorrente de trauma ou de doenças como acidente vascular cerebral (AVC). Nas décadas de 1970 e 1980, por meio de experimentos com animais, Merzenich demonstrou que os circuitos neuronais e as sinapses se modificam rapidamente de acordo com a atividade praticada. Em um dos ensaios, rearranjou os nervos na mão de um macaco e observou que as células do córtex sensorial do animal rapidamente se reorganizaram para criar um novo mapa mental daquele membro. No fim dos anos 1980, Merzenich integrou o grupo da UCSF que desenvolveu o implante coclear. Em 1996, fundou a Scientific Learning Corporation, empresa que desenvolve softwares voltados a aprimorar o aprendizado infantil com base em modelos de plasticidade cerebral. Também foi um dos fundadores, em 2004, e é atualmente cientista chefe na empresa Posit Science, que desenvolve softwares para treinamento cerebral com base nos resultados de suas pesquisas. O programa é conhecido como BrainHQ. Nos últimos anos, Merzenich tem se dedicado a verificar se a prática de exercícios intelectuais pode ajudar a remodelar as funções cerebrais, possibilitando recuperar habilidades perdidas por causa de doenças, lesões ou envelhecimento. Seus estudos já foram publicados em mais de 150 artigos científicos – muitos deles em revistas de grande impacto, como Science e Nature. Ele também recebeu diversos prêmios acadêmicos, como o Russ Prize, o Ipsen Prize e o Zülch Prize. Em 2013, Merzenich publicou o livro Soft-Wired: How the New Science of Brain Plasticity Can Change Your Life, no qual apresenta estratégias para que pessoas comuns possam assumir o controle dos processos de plasticidade cerebral e, assim, melhorar sua qualidade de vida. Merzenich esteve no Brasil no início de abril para apresentar uma palestra no 3rd BRAINN Congress, organizado pelo Instituto de Pesquisa sobre Neurociências e Neurotecnologia (BRAINN), um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) financiado pela FAPESP e sediado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Na ocasião, concedeu uma entrevista à Agência FAPESP na qual falou sobre como mudanças positivas e negativas podem ser direcionadas no cérebro. Leia os principais trechos a seguir.

Agência FAPESP – Como o senhor define o conceito de neuroplasticidade?

Michael Merzenich – O cérebro foi construído para mudar de acordo com as experiências vivenciadas e a forma como é usado. A esse processo contínuo chamamos de neuroplasticidade. Quando trabalhamos para aprimorar uma habilidade, ocorre uma mudança na “fiação cerebral” (nas sinapses ou conexões neuronais), ou seja, são selecionadas as conexões que dão suporte ao comportamento ou à habilidade que estamos desenvolvendo. Assim como quando exercito meu corpo obtenho uma série de benefícios e altero a regulação de uma série de processos bioquímicos, quando exercito meu cérebro altero todo o seu funcionamento, seu suprimento de sangue e de energia, bem como a força de suas operações. Portanto, não apenas melhoro uma habilidade em si, mas todo o maquinário cerebral. Quando jogo pingue-pongue pela primeira vez, sou muito desajeitado. Após um ano de prática intensa, fico muito habilidoso, consigo ver e acertar a bola com alta acurácia. Por meio de mudanças físicas e químicas incrivelmente complexas, criou-se um cérebro com esse recurso. Nosso cérebro será diferente daqui a uma semana e muito mais diferente ainda daqui a uma década. Pode ser uma mudança para frente ou para trás, ganhando ou perdendo habilidades. Depende do uso.

Agência FAPESP – O treinamento de uma habilidade favorece mudanças positivas, mas como as mudanças negativas são direcionadas?

Merzenich – Fazemos coisas ao longo da vida que degradam nossa habilidade de extrair informações úteis do mundo a nossa volta. Por exemplo: como um humano moderno, passo várias horas por dia olhando para uma tela na qual coisas importantes para mim acontecem. Tudo que está fora daquela tela é desimportante, inútil, uma distração. Estou sistematicamente treinando minha visão, estreitando meu ponto de vista, de modo que somente aquilo que está à frente de meu nariz é importante. Fazendo isso, vou perdendo progressivamente a habilidade de processar a informação visual daquilo que está ao redor. O cidadão médio em meu país, e isso foi bastante estudado por lá, já perdeu em torno de 30% do seu campo visual aos 60 anos e mais de 50% aos 80 anos. As coisas acontecem e ele não vê porque o cérebro rejeita aquele estímulo. Essa é uma das razões pelas quais os idosos sofrem mais acidentes de trânsito. Eles gradualmente vão regredindo a um campo visual mais estreito e, ao mesmo tempo, quando conseguem enxergar algo, respondem a esse estímulo de forma mais lenta.

Agência FAPESP – Mas é possível treinar uma pessoa de modo a fazê-la perder uma habilidade já adquirida, como entender a fala em outro idioma?

Merzenich – Sim. Posso treiná-la usando formas modificadas de som não articulado, que não correspondem à fala. Treino o cérebro a mudar sua capacidade de processamento de sons, de forma que esse perde a capacidade de interpretar os elementos que se modificam rapidamente no fluxo acústico formado pela estrutura fonêmica, a estrutura elementar das palavras. Essa interpretação é necessária para extrair o sentido das palavras. Assim como posso refinar essa habilidade, posso destruí-la. Posso desafiar você a fazer distinções cada vez mais acuradas do que ouve, detalhadamente, em alta velocidade. Posso treiná-la a fazer essa distinção mesmo quando a voz está baixa, ou o discurso está anormal e distorcido. Ou posso fazer o oposto e degradar essa sua habilidade. Dar-lhe um cérebro que opera somente quando as coisas ocorrem morosamente. Fazer com que não consiga mais interpretar os detalhes do som em determinadas frequências. Fizemos experimentos de treinamento não virtuoso com macacos e ratos e mostramos que isso é possível.

Agência FAPESP – Como o envelhecimento influencia as mudanças no funcionamento cerebral?
Merzenich – O cérebro opera de forma muito limitada quando somos crianças e, progressivamente, vai aperfeiçoando seu maquinário de modo a operar com cada vez mais precisão. Os diferentes sistemas vão se tornando mais coordenados em suas ações e isso vai melhorando até o auge da vida – que no humano médio ocorre entre o 20º e o 40º aniversário. Uma alta performance persiste um pouco mais nas mulheres, mas, quando entram na menopausa, ocorre uma rápida deterioração em decorrência das mudanças hormonais e elas alcançam o nível masculino por volta de 60 ou 65 anos. Portanto, temos esse período da vida, de cerca de duas décadas, em que nosso cérebro opera em alta performance e depois deteriora. Se aos 30 anos uma pessoa está operando abaixo da média da performance da população (no auge de seu funcionamento cerebral, atingiu 100% de sua capacidade), aos 60 anos ela pode estar só com 16% de sua capacidade e, aos 80 ou 85 anos, com 10%. Ora, ninguém quer estar aos 85 anos com apenas 10% da capacidade cerebral e o que demonstramos é que essa deterioração é reversível. De maneira simplificada, o cérebro do idoso é mais lento em suas decisões e menos fluente em suas operações do que na juventude porque lida com as informações de forma mais confusa e degradada. Vicissitudes ocorrem ao longo da vida, causam ruído no cérebro e podem acelerar o declínio. Pode ser uma queda de bicicleta e uma pancada na cabeça, uma infecção cerebral ou exposição a toxinas. Mas podemos treinar o cérebro velho e fazê-lo recuperar muitas de suas habilidades. Fizemos estudos com diversas populações e mostramos que é possível reverter esse declínio com treinamento.
Agência FAPESP – Como funciona o treinamento que o senhor desenvolveu?
Agência FAPESP – O programa de treinamento pode ser usado para tratar doenças neuropsiquiátricas, como Alzheimer ou esquizofrenia?
Merzenich – Temos diversos estudos que mostram que portadores de doenças como Alzheimer, esquizofrenia, transtorno bipolar, transtornos de ansiedade ou depressão podem ser beneficiados. Não estou falando de cura, mas de melhorar a qualidade de vida. Mas, pelas leis do meu país, não podemos lidar diretamente com condições médicas. O treinamento, nesse caso, precisa ser intermediado por um médico ou terapeuta. Também temos estudos que mostram benefícios para pessoas com lesão cerebral causada por AVC ou por trauma, pessoas expostas a veneno, infecções cerebrais e estresse. Sempre conseguimos obter uma melhora – em alguns casos bastante significativa e, em outros, mais limitada por causa da magnitude da lesão. Em um dos estudos, aplicamos o treinamento em uma população grande de voluntários que tinham sofrido uma concussão. Após dois meses, o cérebro havia voltado ao normal, enquanto o grupo que não passou pelo treinamento ainda apresentava alterações neurológicas um ano após a lesão. Também já testamos em pessoas sadias que desempenham funções em que a tomada de decisão pode envolver questões de vida e morte, como policiais e soldados. Estatísticas indicam que policiais, de maneira geral, fazem más escolhas em 50% dos casos e isso causa grande impacto em uma cidade. Nossos resultados mostram que com o treinamento é possível melhorar o processo de tomada de decisão. Em uma pesquisa feita em parceria com uma empresa de seguros, treinamos 20 mil motoristas profissionais ou informais, nesse segundo caso, idosos, e reduzimos pela metade o número de acidentes de trânsito. Já treinamos cerca de 600 mil pessoas ao todo.
Agência FAPESP – Assim como acontece com os músculos, o cérebro perde os benefícios adquiridos quando o treinamento é interrompido?
Merzenich – Fizemos quase 30 ensaios clínicos para avaliar a duração do efeito e vimos que há sempre alguma duração significativa, em alguns domínios bem mais do que em outros. Se você treina e muda a forma como o cérebro trabalha a atenção, isso é mais duradouro, pois é uma habilidade usada em muitas situações da vida real. Já quando você treina a habilidade de ouvir, a deterioração é mais rápida. Mas, certamente, se você atinge um nível de alta performance em alguma habilidade, algum tipo de treino de manutenção será necessário para manter o alto nível. Em algumas populações em que o funcionamento do cérebro está mais propenso a se deteriorar, como é o caso de pessoas com pré-Alzheimer (prejuízo cognitivo leve) ou com doença de Huntington, o declínio ocorre mais rapidamente quando o treino é interrompido e logo retornam ao nível que teriam se nunca tivessem treinado. Enquanto estiverem treinando, porém, conseguem se manter relativamente estáveis, mas não sabemos ao certo por quanto tempo. É um grande desafio porque temos que mantê-los engajados e o treino precisa ser intenso, pois todas as habilidades do cérebro estão em risco.
Agência FAPESP – Como evitar que esse conhecimento seja usado de forma errada?
Merzenich – O cérebro pode ser treinado a operar de forma destrutiva e há potenciais formas de abuso. Muitos teriam interesse em manipular a plasticidade cerebral para propósitos egoístas. Então é um desafio para nós pensar como isso pode ser controlado e como ter certeza de que esse conhecimento será usado para o bem-estar humano e não para a destruição. Por exemplo, é possível tirar de casa um garoto de 10 ou 12 anos, um bom estudante, e transformá-lo em um assassino, um monstro. O que ocorre nesse caso é a plasticidade cerebral direcionada para a destruição.
Agência FAPESP – É possível fazer o caminho reverso nesse caso?
Merzenich – É difícil e requer muito treinamento, mas é possível e esse é um dos meus esforços. Tratar crianças com longo histórico de abuso e negligência, condições que danificam o maquinário cerebral que controla o aprendizado. Essas crianças, ao mesmo tempo em que têm o maquinário cerebral de aprendizagem prejudicado, têm acesso a um repertório pobre, que não as prepara para a vida. Claro que acabam malsucedidas. A menos que façamos algo para ajudá-las do ponto de vista neurológico, não há esperança para elas. Mas o que a sociedade em geral faz? Culpa-as pelo seu mau desempenho. Culpamos massivamente as crianças com infâncias terríveis por suas experiências. Isso é estúpido.

Hipnose é tratamento de baixo custo a vítimas de queimaduras na Suíça

A hipnose vem sendo cada vez mais usada nos tratamentos médicos, e hospitais da região francesa da Suíça lideram o processo. Na unidade de queimaduras graves do CHUV de Lausanne, ela é usada em base cotidiana. Um estudo demonstrou que a hipnose reduz o tempo que os pacientes passam em terapia intensiva e economiza 19 mil francos suíços por paciente, e o hospital agora deseja expandir essa prática a outros departamentos.

“Se a hipnose fosse um medicamento, já estaria sendo usada em todos os hospitais, mas, porque é uma abordagem, precisa superar barreiras culturais”, diz Pierre-Yves Rodondi, médico do Instituto Universitário de Medicina Social e Preventiva, no CHUV. “Estamos avaliando em que áreas usar a hipnose, e existe muita demanda por isso no hospital”, explica o diretor do centro de medicina suplementar e complementar.

No CHUV, a hipnose não desperta imagens de pessoas reduzidas à condição de zumbis, manipuladas por mágicos de jaleco branco. Nada disso. O pragmatismo superou todos os temores. “Há estudos científicos, infelizmente ignorados por grande parte da comunidade médica, que demonstram a efetividade da hipnose na administração da dor; é uma ferramenta que deveria ser integrada ao tratamento. Funciona para quase todos, mesmo para os céticos”, explica Rodondi.

De fato, de acordo com um estudo científico executado pelo Hospital da Universidade de Lausanne (CHUV), e publicado pela revista científica “Burns”, a hipnose ajuda os pacientes com queimaduras severas a se recuperarem mais rápido e reduz o custo da terapia; reduz a ansiedade, o uso de medicamentos, a necessidade geral de anestésicos e, em média, diminui em cinco dias a passagem dos pacientes pela unidade de terapia intensiva.

Com a economia média de 19 mil francos suíços por paciente, bastaria tratar por hipnose nove vítimas de queimadura ao ano para cobrir o custo de um especialista nesse campo.

TRATAMENTO DE BAIXO CUSTO PARA QUEIMADURAS

O estudo –conduzido com 23 pacientes vítimas de queimaduras severas tratados por hipnose e um grupo de controle de pacientes tratados tradicionalmente– gerou resultados muito positivos. Para o grupo tratado por hipnose, a dor e a ansiedade diminuíram significativamente; o número de sessões psiquiátricas foi reduzido e as doses de opiáceos e sedativos administrados para tratar de intervenções médicas ou cirúrgicas muito dolorosas também foi reduzido.

Os ferimentos se curam mais rápido, como comprovado pela redução no número de enxertos de pele aplicados ao grupo dos “hipnotizados”. “Isso pode se relacionar a um nível de estresse mais baixo, mas essa é apenas a nossa hipótese”, disse Maryse Davadant, enfermeira na unidade de terapia intensiva e pioneira no uso de hipnose pelo CHUV.

“Em média, começamos a primeira sessão alguns dias depois da internação do paciente, quando ele já não está entubado e incapaz de se concentrar. Ensinamos ao paciente como se hipnotizar; essa é uma ferramenta que ele sempre terá, e os efeitos analgésicos perduram mesmo depois da terapia. Temos dois enfermeiros na unidade de terapia intensiva que só fazem hipnose”, explica Davadant.

Quando perguntada sobre as reações dos pacientes, Davadant disse que “oferecemos essa opção a todos os pacientes; alguns já a conhecem, e se interessam. Outros são mais céticos. Mas quase todo mundo escolhe experimentar, e termina satisfeito”. No entanto, nem todos os pacientes de queimaduras podem ser tratados por hipnose, especialmente no caso de pacientes mais idosos, confusos ou sob a influência de drogas.

FUNCIONA COMO MORFINA NO CÉREBRO

Já que os medicamentos estão se tornando cada vez mais tecnológicos, é difícil criar uma aliança terapêutica cujo foco seja o paciente. “A hipnose torna a medicina mais humana. Além disso, as equipes de gestão de hospitais compreenderam os benefícios da hipnose: ela acelera a cura, aumenta a satisfação do paciente, encurta as internações e economiza dinheiro”, diz o psiquiatra Eric Bonvin, especialista em hipnose e professor do Departamento de Psiquiatria da Universidade de Lausanne.

Ele explica o que acontece no cérebro: “A hipnose ativa as áreas da imaginação. Tudo é visto como se fosse verdade. A imaginação é um aliado poderoso contra o medo e contra a dor. A hipnose tem efeito semelhante ao da morfina, agindo sobre as áreas da percepção de dor e alterando essa percepção, ou mesmo eliminando-a de todo. Há efeitos de ilusão: para uma criança que tem medo de injeções, desenhamos um elefante em sua pele e dizemos que a agulha está picando o animal, e que a criança brincando com aquela imagem nada sentirá; a imaginação desativa o sinal de alerta de dor”. O estudo do processo ajuda a compreender o potencial da hipnose: “Ao alterar o foco, você pode esquecer a dor. Como a vítima de um acidente que ajuda os demais envolvidos, sem sentir a própria dor”, ele diz.

“Quanto mais dor eu sinto, mais medo e ansiedade tenho, o que por sua vez intensifica a dor. É um círculo vicioso que a medicação não consegue romper, enquanto a hipnose é uma boa solução”, conclui Bonvin, também diretor do Hospital Valais, em Sion. “Estamos introduzindo a hipnose”.

A prova de que a hipnose terá papel cada vez mais central na terapia pode ser encontrada no Instituto de Hipnose da Romandia [Suíça Francesa], que treina 40 novos especialistas a cada ano: médicos, psicólogos, dentistas, enfermeiros, parteiros etc. Esses especialistas trabalham em seus próprios campos sem treinamento adicional e são reconhecidos pela Associação Médica Suíça (FMH).